A dupla moral
Observamos uma convivência controversa de uma dupla moral: a moral da
integridade (oficial) e a moral do oportunismo (oficiosa), onde os agentes e
organizações ora aceitam ora se revoltam com as ações oportunistas.
Dentre as influências
históricas no Brasil está o sistema de colonização que foi baseado no sistema
de exploração realizado através do enriquecimento rápido e fácil, diferentemente
da colonização de povoamento realizada pelos europeus que haviam fugido de seus
países devido perseguições religiosos e política. Esse sistema de exploração
acabou por trazer a formação das grandes propriedades rurais - os latifúndios - com uma produção de monocultura para exportação, além da existência do trabalho
escravo ou com outras formas de servidão, assim como a formação de uma sociedade
aristocrática, patriarcal, oligárquica, autoritária e discriminatória,
incluindo aí a questão do racismo. Tudo isso foi base para o patrimonialismo, com
a tomada do bem público pelo privado e do dualismo social, numa separação entre
os que “podem” ou “não-podem” a depender do conhecimento e das relações sociais
de poder.
As bases da relação entre a Justiça e o Estado também comporta tradições que
alteram o cumprimento das normas altruístas da moral oficial da integridade e
fortalecem a moral do oportunismo, dentre elas: o abismo entre o país formal e o
país real; o patrimonialismo; o populismo; os corporativismos empresariais,
burocráticos e sindicais; o clientelismo e o coronelismo; o apadrinhamento e a
falta de impessoalidade cidadã.
A partir da chamada “Revolução
Digital” está a formação de novos paradigmas como o redesenho da organização de
trabalho, novas estratégias empresariais baseadas na globalização e mudanças
nos padrões culturais mundiais. Acredita-se que esses aspectos aumentam a
competitividade global, aumentam a capacidade de organização bem como aumentam também
a capacidade de questionamento da sociedade civil.
De
toda forma, a conduta das pessoas pode até ir seguindo certos parâmetros de escolhas,
mas naquele momento da tomada de decisão onde o caminho escolhido pode trazer
um grande benefício imediato para o indivíduo, então é neste momento que muitas
pessoas estão dispostas a ir de encontro aos seus princípios somente pensando em seu benefício próprio. Muitas questões mesmo
consideradas ilegais são de certa forma aceitas pela sociedade e praticadas pelos
indivíduos e organizações permeadas pela composição dessa dupla moral não exclusiva do Brasil.
Por Simone Lima baseado em Sour (2003): Ética Empresarial.
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